Como uma palavra tão bela e sonora pode significar algo tão repudiante. Pois bem, foi que assistimos hoje, em mais um ataque com a utilização de práticas antissindicais por parte de elementos que trabalham na Repar. Não é de agora que existe uma relação bastante confusa, na qual trabalhadores se dirigem no horário de almoço ao refeitório e encontram uma realidade que não traduz a de uma indústria, mas semelhante à de uma caserna. Entre os olhos, além dos pratos do cardápio do dia, os trabalhadores também enxergam homens armados. São policiais militares e rodoviários federais que viraram paisagem natural do refeitório da refinaria. O que isso significa? Trata-se de uma relação que vem sendo construída ao longo do último ano, mas que não se reduz aos repressores do estado.
A Polícia Militar tem a função de vigilância ostensiva contra o crime. Já a Polícia Rodoviária Federal, de vigilância ostensiva do trânsito nas estradas. Ambas não têm qualquer relação direta ou comercial com a atividade-fim da empresa. Os trabalhadores não são criminosos e a presença dos agentes públicos de segurança contrasta com a realidade de uma indústria de petróleo.
Não bastasse isso, habitualmente nos deparamos nas publicações da Repar com notícias de eventos de caráter social com a alcunha e justificativa de relacionamento com públicos de interesse dos gestores da refinaria. O que aconteceu nesta semana em nossa greve traduz perfeitamente a eficácia dessa perniciosa relação com agentes públicos, que nada tem a ver com a produção de derivados de petróleo, justamente num momento de conflito entre capital e trabalho. Policiais militares empurraram dirigentes sindicais durante o exercício do seu direito de convencimento de adesão à greve, previsto em lei, fazendo o papel desesperado de policial rodoviário federal para colocar trabalhadores dentro da unidade. Sem levar em conta outros fatos marcantes que aconteceram para prejudicar o exercício do direito de greve. Falharam.
A sonoridade da palavra “perniciosa” tem sido harmonizada pela maestria na qual os trabalhadores constroem essa greve, com firmeza e determinação.
Por Anselmo Ruoso
Dirigente sindical de base do Sindipetro PR e SC
A greve dos petroleiros nas bases do Paraná e Santa Catarina foi ampliada nesta terça-feira (03) com a adesão das bases da Petrobrás Transporte - Transpetro. Os trabalhadores dos terminais terrestres de distribuição de Guaramirim (Temirim), Biguaçu (Teguaçu) e Itajaí (Tejaí), todos em Santa Catarina, bem como os empregados do Terminal Aquaviário de Paranaguá (Tepar), reforçaram o movimento nacional da categoria.
Em todas essas unidades, assim como na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e na Usina do Xisto (SIX), grupos de contingência constituídos pela Petrobras assumiram as operações. “É uma medida altamente reprovável que a empresa toma, pois escala pessoas sem qualificação técnica para assumir o controle das unidades, com baixíssimo número de efetivo, colocando em risco a vida desses funcionários, os equipamentos, o meio ambiente e as comunidades do entorno das bases da Petrobrás”, alertou Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina.
Confira o quadro da greve nas bases do Sindipetro Paraná e Santa Catarina:
Repar / Araucária-PR – Segundo dia de greve. Equipe de contingência da empresa, formada por apenas 50 funcionários – engenheiros e ocupantes de cargos de chefia - opera a refinaria desde as 07h30 de segunda-feira (02). Sindicato entrou com pedido de liminar na Justiça do Trabalho para que a empresa se abstenha de exigir jornada superior a 08 horas para os trabalhadores do regime de turno de revezamento, com determinação expressa para que o empregado se retire do ambiente de trabalho depois de cumprida a sua jornada.
Usina do Xisto (SIX) / São Mateus do Sul-PR – Os trabalhadores da SIX entraram no segundo dia de greve com adesão de 100% dos trabalhadores do regime de turno. A equipe de contingência da empresa é formada exclusivamente por supervisores e gerentes.
Temirim / Guaramirim-SC – A greve iniciou às 05h30 desta terça-feira (03) e um pequeno grupo de contingência da empresa, formado por apenas cinco pessoas com cargos de chefia, opera o Terminal Terrestre da Transpetro.
Teguaçu / Biguaçu-SC – Movimento paredista iniciou às 05h30 desta terça-feira (03). Apenas três pessoas formam o grupo de contingência da empresa que opera a unidade da Transpetro.
Tepar / Paranaguá-PR – A paralisação começou as 05h30 desta terça-feira (03). Um grupo de 10 pessoas forma o contingenciamento da empresa. Dirigentes sindicais e vários trabalhadores do Tepar tiveram os crachás bloqueados, o que impede o acesso à unidade.
Tejaí / Itajaí-SC – A greve começou às 05h30 desta terça-feira (03) e conta com grande adesão dos trabalhadores do horário administrativo e da operação, na qual apenas o coordenador, um supervisor, dois engenheiros e um inspetor de equipamentos furaram o movimento.
Foram presos também um diretor da CUT e um fotógrafo
Movimento será reforçado com a adesão dos trabalhadores das unidades da Transpetro no Paraná e Santa Catarina nesta terça-feira (3). Fafen-PR já está em processo de paralisação da produção.
Mais de cem dias sem resposta da Direção da Petrobrás sobre a Pauta pelo Brasil, conjunto de reivindicações que visam impedir o desmantelamento da empresa e recoloca-la no caminho do desenvolvimento, esgotou a paciência da categoria. Os gestores simplesmente ignoram os trabalhadores, enquanto seguem vendendo ativos e patrimônios da empresa.
Na última tentativa de negociação, em reunião realizada na quarta-feira (28), no Edifício Sede da Petrobrás (Edise-RJ), nenhuma resposta objetiva foi dada em relação aos questionamentos dos diretores da FUP e sindicatos filiados acerca do Plano de Negócios e Gestão (PNG), que prevê quase US$ 150 bilhões em vendas de ativos, cortes de investimentos, insegurança, redução de efetivos, demissões em massa, interrupção de obras e cancelamento de projetos. São tantas notícias ruins que o PNG mais parece um plano para afundar a empresa do que para superar o momento de crise. Fato é que já afetou negativamente a vida de milhares de trabalhadores país afora.
Além de ignorar a Pauta pelo Brasil, os representantes da Petrobrás ainda tentaram impor na mesa de negociação a discussão da proposta da empresa de rebaixamento do Acordo Coletivo.
A FUP reafirmou que o objetivo da reunião era debater a Pauta pelo Brasil, que foi aprovada massivamente pela categoria, onde uma das cláusulas ressalta que os trabalhadores não aceitarão nenhum direito a menos. "A Federação Única dos Petroleiros e seus Sindicatos reforçam que não aceitarão qualquer retrocesso nos direitos adquiridos pelos trabalhadores", afirma a Cláusula 13 da Pauta pelo Brasil.
Diante do impasse mais uma vez estabelecido pela Petrobrás, a FUP e seus sindicatos retiraram-se da reunião, reiterando que as negociações daqui para frente se darão durante a greve aprovada pelos petroleiros. A postura arrogante da empresa continua sendo a de desdenhar dos trabalhadores, desrespeitando os fóruns de deliberação da categoria. A resposta será dada na greve.
Nesta quinta-feira, 29, a FUP e seus sindicatos terão mais uma reunião com o Ministério Público do Trabalho para buscar o cumprimento da Lei de Greve, de forma a garantir o exercício pleno desse direito. A data da deflagração do movimento deve ser anunciada em breve.
A FUP e seus sindicatos reuniram-se com a Petrobrás e subsidiárias nesta quarta-feira, 28, em mais uma tentativa de negociação da Pauta pelo Brasil, cujas reivindicações aprovadas pela categoria foram apresentadas à empresa no dia 07 de julho. Passados mais de cem dias, a Petrobrás segue ignorando os trabalhadores.
Nenhuma resposta objetiva foi dada aos questionamentos da FUP sobre vendas de ativos, cortes de investimentos, insegurança, redução de efetivos, demissões em massa, interrupção de obras e cancelamento de projetos, que estão afetando a vida de milhares de trabalhadores pelo país afora. Além de ignorar a Pauta pelo Brasil, os representantes da Petrobrás ainda tentaram impor na mesa de negociação a discussão da proposta da empresa de rebaixamento do Acordo Coletivo.
A FUP reafirmou que o objetivo da reunião era debater a Pauta pelo Brasil, que foi aprovada massivamente pela categoria, onde uma das cláusulas ressalta que os trabalhadores não aceitarão nenhum direito a menos. "A Federação Única dos Petroleiros e seus Sindicatos reforçam que não aceitarão qualquer retrocesso nos direitos adquiridos pelos trabalhadores", afirma a Cláusula 13 da Pauta pelo Brasil.
Diante do impasse mais uma vez estabelecido pela Petrobrás, a FUP e seus sindicatos retiraram-se da reunião, reiterando que as negociações daqui para frente se darão durante a greve aprovada pelos petroleiros. A postura arrogante da empresa continua sendo a de desdenhar dos trabalhadores, desrespeitando os fóruns de deliberação da categoria. A resposta será dada na greve.
Nesta quinta-feira, 29, a FUP e seus sindicatos terão mais uma reunião com o Ministério Público do Trabalho para buscar o cumprimento da Lei de Greve, de forma a garantir o exercício pleno desse direito.
Fonte: FUP
Conselho de Adminstração da Petrobrás anunciou a venda de 49% da Gaspetro à multinacional japonesa Mitsui por um valor bem abaixo da avaliação de mercado
Nesta segunda-feira, 26, a FUP ingressou uma ação na Justiça Federal contra a Petrobrás, na tentativa de impedir a venda de 49% das ações de sua subsidiária Gaspetro. A venda anunciada após a última reunião do Conselho de Administração da empresa, na sexta-feira, 23, rompe o modelo de integração vertical necessário a qualquer empresa de petróleo e não se justifica sequer sob a lógica do preço de mercado.
Pessoalidade na venda?
Em março de 2015, as notícias sobre a possível venda de parte da Gaspetro foram publicadas nas editorias de economia de diversos jornais do país. Em abril, Murilo Ferreira, diretor-presidente da Vale, foi nomeado presidente do Conselho de Administração da Petrobrás e, em junho, a japonesa Mitsui Gás foi cotada como provável compradora da subsidiária. No mês de setembro, com o negócio já encaminhado para a aprovação do C.A da Petrobrás, o seu presidente, Murilo Ferreira, pediu licenciamento do conselho.
Será possível que Murilo tenha presidido o Conselho de Administração da maior empresa de energia do país para garantir o favorecimento do grupo Mtsui, de quem a Vale é parceira em uma série de empreendimentos?
Negócio Imoral – Preço Vil
A proposta do Grupo Mitsui é a compra de 49% da Gaspetro por 1,9 bilhões de reais. Porém, segundo análise dos bancos JP Morgan e Brasil Plural, de Setembro de 2015, a Petrobrás poderia auferir com a venda até US$ 1,3 bilhão (um bilhão e trezentos milhões de dólares), ou mais de R$ 5 bilhões (cinco bilhões de reais).
Se a razão deste negócio é a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, por que, então, concluir a venda justamente agora?
Considerando que a Gaspetro teve em 2014 um lucro líquido de 1,6 bilhões de reais e, que terá 49% dos resultados, o Grupo Mitsui poderá ter de volta o que investiu na compra em dois anos e quatro meses.
Redução da geração de receita
Segundo a análise feita pelo JP Morgan, a operação diminuirá a geração de receita da Petrobrás em até US$ 1 bilhão (um bilhão de dólares ou quatro bilhões de reais) por ano. Portanto, a pergunta que não cala: É assim que Aldemir Bendine quer "salvar" a Petrobrás?
Para tudo!
A ação judicial impetrada pela assessoria jurídica da FUP pede a paralisação da venda da Gaspetro, sob pena de uma multa de R$ 1 milhão por dia de descumprimento. Além disso, também foi requerida a exibição dos documentos descritos abaixo:
a) íntegra de todas as atas do Conselho de Administração da Ré, a partir de 1º de março de 2015;
b) toda a documentação, inclusive estudos prévios, relativa à venda de parte do capital acionário da Gaspetro;
c) a troca de correspondências empreendida entre a Ré e o Grupo Mitsui, relativa ao tema.
Fonte: FUP