Política de remuneração

Anapetro manifesta preocupação com a atual política de distribuição de dividendos da Petrobrás

Em nota divulgada nesta quarta, 21, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) analisa os resultados financeiros da Petrobrás no primeiro trimestre de 2025 e manifesta preocupação quanto à sustentabilidade da continuidade da atual e agressiva política de remuneração dos acionistas. Leia a íntegra:

Nota da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras – ANAPETRO

Na data de 12 de maio de 2025, a Petrobras divulgou o fechamento de seu balanço referente ao primeiro trimestre do ano, com um lucro líquido de R$ 35,2 bilhões, representando um crescimento de 48,6% em relação ao mesmo período de 2024. A Companhia também anunciou a aprovação de R$ 11,7 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio.

Consoante a isso, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras – ANAPETRO observou atentamente os desdobramentos financeiros e estratégicos que compõem este resultado. A associação reconhece o desempenho sólido da Petrobras no trimestre, notadamente sua geração de caixa, eficiência operacional e o respeito à política de distribuição de dividendos vigente.

Todavia, a ANAPETRO manifesta profunda preocupação quanto à sustentabilidade desse nível de remuneração nos próximos trimestres. À luz dos cenários adversos do mercado, marcado por incertezas e desafios, a manutenção de dividendos elevados – como os anunciados – pode comprometer seriamente a estabilidade financeira da companhia e colocar em risco sua capacidade de investimento estratégico no médio e longo prazo.

A continuidade dessa política de distribuição agressiva, especialmente em um contexto de: i) queda nos preços internacionais do petróleo; ii) elevação dos investimentos exigidos pelo pré-sal e pela transição energética, e iii) crescimento do endividamento bruto – pode minar a geração de caixa, fragilizar a posição de liquidez da estatal e acelerar um processo de esvaziamento da Petrobras enquanto empresa integrada de energia.

Se não houver um ajuste responsável na condução dessa política, a companhia poderá ser forçada a sacrificar projetos estruturantes, ampliar sua dependência de financiamentos externos e comprometer sua contribuição para o desenvolvimento nacional e a soberania energética.

A ANAPETRO alerta que a insistência em manter distribuições elevadas, descoladas de fundamentos de longo prazo, serve apenas aos interesses especulativos de curto prazo, em detrimento da sustentabilidade da empresa e da soberania energética do país.

Por fim, reafirma-se o compromisso com a defesa de uma Petrobras forte, pública,
comprometida com o interesse nacional e financeiramente responsável, que concilie seus objetivos estratégicos e sociais com a valorização de seus acionistas, inclusive os
trabalhadores que, como minoritários, acreditam no papel da empresa como condutora do desenvolvimento do Brasil.

A política de remuneração aos acionistas e a condução da estratégia de investimentos da companhia devem ser acompanhadas com responsabilidade técnica e institucional, com permanente defesa da transparência, da previsibilidade e do equilíbrio entre os interesses públicos e privados envolvidos na governança da Petrobras.

Rio de Janeiro/RJ, 21 de maio de 2025.

Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras

 

Via Imprensa FUP